segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A ARTE DA ESCOLHA


Drummond, Gullar ou Vinícius?! Eis a questão.


Antes era uma certeza: Drummond e Vinícius. Depois virou uma dúvida: Drummond e Vinícius? Depois a casa caiu e aí, já viu... não sabemos mais o que será. Tem gente que quer só Drummond (eu mesma acho que Drummond merece um recital só dele). Tem gente que quer só Vinícius. E tem gente (eu principalmente) que quer só Ferreira Gullar. Acho que temos aproveitar pra homenagear os nossos grandes poetas, e de preferência enquanto vivos!

E, além dos 3, aparecem outros poetas para dificultar ainda mais as coisas: Antônio Cícero, Elisa Lucinda... São muitas as opções! Antes de decidir, é preciso recomeçar os trabalhos! Talvez comecemos amanhã... reuniões e mais reuniões... Falar poesia não é fácil não, viu? É uma arte... que nem escolher! Mas, mesmo sendo difíceis as duas, a gente A-DO-RA!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O ser humano precisa de poesia

O SER HUMANO PRECISA DE POESIA
Por Antônio Hohlfeldt

O Brasil deve ser, provavelmente, o país com o maior número de poetas por metro quadrado! Em compensação, o país deve possuir o menor percentual por quilômetro quadrado de leitores de poesia. Essa é uma equação difícil de explicar. Como uma sociedade que possui tantos poetas, ao mesmo tempo, lê tão pouco a poesia?

Culpa da escola? Quando crianças, aprendemos sociabilidade através da poesia: nossas cantigas de roda são versos de seis ou sete sílabas poéticas, em geral, que facilitam a memorização. A tradição ibérica é do poema de seis ou sete versos que são decorados. Crianças, gostamos de poesia...

Então chegamos à escola. Parece que, na escola, a poesia é matéria de segunda qualidade. Os programas oficiais falam pouco de poesia. Os professores parecem que têm medo da poesia. E, aos poucos, as crianças vão esquecendo a poesia. Vão desconhecendo a forma do poema. Na adolescência, tem-se uma recaída (quase sempre fora da escola). A primeira paixão nos impele à produção de poemas para nossas primeiras namoradas. O Mario Quintana dedicou vários poemas às suas diferentes primeiras namoradas. Felizmente, para nós, depois das paixonites, ele continuou poeta. Mas a maioria, depois, desiste. E, adultos, afastamo-nos totalmente da poesia. Por quê?

Os idiomas ocidentais mais antigos, como o grego e o latim, possuíam sílabas longas e breves, que identificavam fortemente o ritmo da fala e pareciam música. Tanto que, equivocadamente, na Renascença, os estudiosos do teatro grego entenderam que os antigos habitantes da Hélade falavam cantandoe inventaram a ópera!

Por que, então, de modo geral, voltamos as costas para a poesia?

Meu palpite é que temos medo da introspecção que a poesia propõe e exige. O brasileiro gosta de falar alto, expandir-se, de brincar, de ser inconseqüente. A verdadeira poesia não gosta disso. Ela exige o silêncio, o encontro do leitor consigo mesmo, quase que de olhos fechados, como que guiado pela sonoridade e ritmo das palavras e dos versos.

Não consigo dormir, a cada dia, sem ler ao menos um poema. É aquele momento em que, depois da azáfama do dia, quebro o ritmo trepidante e me encontro comigo mesmo. A poesia alimenta a alma. A poesia reequilibra. Você, leitor, não quer experimentar?


Revista Florense – PRIMAVERA 2007_ANO 4_N° 15
Seção: Equilíbrio (pág. 106)