sexta-feira, 18 de julho de 2008

A poesia é a dona da casa

O Rio de Janeiro terá uma escola muito especial para formar "dizedores de poesia". A Casa Poema, que será inaugurada, amanhã, em Botafogo, é a realização de um sonho da atriz e poetisa Elisa Lucinda - o de despertar em cada pessoa o prazer de encontrar e transmitir o sentido de cada texto.

A Casa Poema passará a ser a sede da Escola Lucinda de Poesia Viva, que, já há dez anos, oferece cursos e workshops com temas relacionados à poesia e ao teatro. O prédio de dois andares será aberto ao público, e contará com uma biblioteca, um charmoso café e um pequeno teatro - o Teatro Possível - com capacidade para 70 espectadores.

A casa também terá uma área de convivência ao ar livre, e sediará escritórios que atenderão a todo o País, coordenando a demanda por workshops idealizados pelos professores da Casa Poema. Eles correm o Brasil para levar ao público e a profissionais do ramo a idéia de que a poesia está muito além da declamação, da divisão de versos ou até mesmo da rima.

Na noite da inauguração do novo espaço, a entrada será a doação de um livro, novo ou usado, para o acervo da biblioteca da casa. Mas o livro deverá conter a dedicatória do doador, seguindo a mesma idéia dos cadernos que Elisa deixa abertos às manifestações dos espectadores ao final de suas sessões teatrais.
Está programada a leitura dramatizada da peça "Mestre Caeiro - O descobridor da natureza", de Fernando Pessoa. Desta vez, o tradicional "Sarau da Lucinda" também acontecerá no finalzinho da noite de sexta-feira. O sarau é habitualmente realizado na casa de Elisa Lucinda, onde são presenças constantes os cantores e compositores Antonio Villeroy, Beth Carvalho, Anna Carolina e Leila Pinheiro, além de outros famosos admiradores da arte das palavras.

"É um sonho de dez anos. Reformamos a casa, penduramos flores de tecido nas paredes... está linda! Lá a poesia é a dona da casa. Nossa intenção é desenvolver a linguagem poética aplicada à vida, tanto em adultos quanto em crianças", vibra Elisa.

A principal crítica da poetisa é a priorização da forma da poesia em detrimento do conteúdo. "É muito comum nas escolas os professores apresentarem aos alunos a poesia dessa forma estagnada. Não pode ser assim. A poesia é uma conversa, é uma experiência tão pessoal que, a cada vez que uma pessoa contar uma, vai ser de forma diferente. Na leitura, a gente não tem que parar de respirar porque ali tem um ponto, ou porque termina a linha. Temos que ser movidos pelos nossos sentimentos", diz.

Também será possível comprar os livros de Elisa Lucinda, que são muito procurados pelos que defendem a posição da poetisa contrária à "mecanização" da arte poética. "A poesia deve existir para o ser humano, como auto-ajuda, e não deve ficar escondida dentro dos livros da escola. A Casa Poema será a casa da linguagem, onde a poesia será uma conversa", diz Elisa.
Reportagem do site Tribuna da Imprensa On Line
Agora, um passeio pela Casa Poema.



Passeio pela Casa Poema julho de 2008
Colocado por julianorj

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